As aventuras de um Algarvio no país das papoilas (e das bicicletas, e das meninas nas vitrines, e das drogas, e dos diques, ...)
Sexta-feira, 28 de Agosto de 2009

Hoje está um dia de cão! Ventos tempestuosos constantes e chuva torrencial intermitente.

E pensar que há apenas dois dias atrás andava eu na praia, sob um sol resplandecente, a "assar" a uma amena temperatura de cerca de 28ºC!

Ah...por falar em praia, tenho que vos contar uma coisa curiosa que costuma acontecer na praia! Não sei se sabem mas os Holandeses são muito amigos dos animais, tanto domésticos como selvagens. Esta sua natureza "amigável" faz com que, entre outras coisas, dêem comida às aves selvagens que andam por todo o lado, incluindo as gaivotas na praia. Isto já deve ser prática ancestral porque nos dias que correm o à-vontade das aves é tão grande que já não esperam que a comida lhes seja dada; vão lá (não uma gaivota mas um bando delas) e tiram-na (sim, "roubam" a comida das mãos das pessoas)! Aqueles que ousam levantar-se e fugir são perseguidos pelas aves em voo cerrado até largarem a comidinha. É um espectáculo digno de se ver!!!!

No idioma inglês existe a palavra "ominous" que significa qualquer coisa como pressagioso (de presságio). No outro dia, a propósito desta palavra, alguém (holandês) aventava que em português devia existir a palavra ominoso com o mesmo significado. Ominoso???Quais ominoso quais quê - dizia eu - alguma vez o meu lindo idioma tem um palavrão desses!!! E não é que tem mesmo!!! Imaginam a vergonha, a humilhação...?!?!?!?

Uma das edições do programa da Oprah apresentou recentemete casos de negligência infantil que me deixaram perplexo, não só pelas situações em si mas também pelas consequências dessa negligência. Um dos casos era sobre uma menina que os pais expulsaram de casa quando ela tinha por volta de três anos de idade (como é que é possível!!!!). A menina refugiou-se numa casota de cão e até ser resgatada pelas autoridades (o que só aconteceu alguns anos depois) viveu e cresceu com cães. Quando foi encontrada, comia a sua comida, ladrava, rosnava e deslocava-se como os animais, usando os quatro membros. Absolutamente chocante e desprezível! O outro caso era também de uma menina (de 6 anos, acho eu) mas esta vivia com a mãe e dois irmãos. Após ter sido avistada à janela por uma vizinha, que ficou preocupada com o aspecto que a menina apresentava e telefonou à polícia, foi salva dos "cuidados" da mãe. Embora neste último caso a negligência pareça ter sido maioritariamente de natureza emocional, os resultados foram igualmente chocantes. A menina não falava, não andava, não sabia usar a casa-de-banho, não sabia quando devia parar de comer ou beber (e comia e bebia até vomitar) e sentia-se intimidada na presença de estranhos. A um nível mais elementar, o seu cérebro não se desenvolveu. Hoje, com cerca de 12 anos de idade física (se não estou em erro), apesar de muitos dos comportamentos mencionados já terem sido corrigidos, ela apresenta uma idade cerebral de entre 2 e 3 anos. O seu cérebro, embora se possa ainda vir a desenvolver ligeiramente, com grande esforço , nunca vai recuperar totalmente (nem tão pouco significativamente). Isto só prova o quão essencial o afecto é!

E com estas duas histórias macabras de desumanidade humana vos deixo.

Um grande bem-haja e até breve.

Red in Holland

publicado por Red in Holland às 18:45

Quinta-feira, 13 de Agosto de 2009

Ora cá estou eu, retomando a conversa onde ela ficou no post anterior.

Antes do fim do meu contracto ainda arranjei tempo para dar um salto a Antuérpia, ali na Bélgica. De um modo geral, a arquitectura assemelha-se bastante à Holandesa (o que não é nada de estranhar, dada a proximidade geográfica e histórica dos dois países), mas as semelhanças ficam-se por aí. Achei a cidade suja, esburacada e mal tratada. Ainda assim, existem algumas zonas (agora só me lembro do centro histórico) que merecem uma visita.

O contracto acabou e as buscas por novo emprego começaram. Uma tarefa nada fácil! Para começar não falo a língua, o que por si só limita significativamente as minhas oportunidades. Depois, a maldita da crise e para completar o quadro começou o período de férias na zona da Holanda onde resido o que, em termos práticos, significa que foi tudo de férias e não ficou ninguém nas empresas para tratar de recrutamento de pessoal.

Dadas as circunstâncias, imutáveis no curto prazo, resolvi fazer o pedido do subsídio de desemprego e ir passar uns dias de férias a Portugal.

Escusado será dizer que ADOREI! Para além de ter estado com a minha família, pude rever os meus amigos e ainda apanhei bom tempo para aproveitar a praia.

Mas o tempo foge (principalmente quando nos estamos a divertir) e em menos de nada me vi de volta à Holanda.

Continuo à procura de emprego mas não tive muito sucesso até agora. Tenho esperança, no entanto, que as coisas melhorem em breve. Há boas notícias relativas ao desempenho da economia americana mas também da europeia, com a França e a Alemanha (e Portugal também, ouvi hoje) a saírem da recessão, e o optimismo pode fazer milagres. O período de férias aqui também parece estar no fim por isso espero começar a ver, em breve, muitos mais anúncios de emprego. Finalmente, foi-me concedido o subsídio de desemprego por 3 meses, o que sempre me dá mais algum tempo para procurar.

Leituras: Acabei o tal livro de Camilo Castelo Branco "O Bem e o Mal" (lê-se bem e tem um final feliz), entretanto já li um livro sobre economia "New Ideas from Dead Economists" (fala sobre os principais economistas da história e suas teorias de uma forma bastante acessível) e agora estou a ler um sobre astronomia e física chamado "A Brief History of Time" de Stephen Hawking (este trata daquelas coisas sobre as quais eu não percebo nada mas que me fascinam, tipo mecânica quântica, big bang, buracos negros, viagens no tempo,etc).

A última vez que fui ao cinema foi ainda aí em Portugal, aquando destas últimas férias. Fui ver o filme do Harry Potter com a minha mãe que, acreditem ou não, é uma fã incondicional dos livros e filmes da dita personagem. Gostei do filme mas não do fim. Não gramo nem à lei da bala aqueles fins (que não são fins coisa nenhum) em que tudo fica em aberto e a esperança de uma conclusão para a história é remetida para um próximo filme que só chega um ano depois.

Bem...acho que hoje fico-me por aqui! Desejo muita alegria a quem está em condições de a apreciar, muita força àqueles que estão a lutar para poderem chegar até ela e muita saúde a todos.

Um grande abraço.

Red in Holland

publicado por Red in Holland às 12:08