Hoje está um dia de cão! Ventos tempestuosos constantes e chuva torrencial intermitente.
E pensar que há apenas dois dias atrás andava eu na praia, sob um sol resplandecente, a "assar" a uma amena temperatura de cerca de 28ºC!
Ah...por falar em praia, tenho que vos contar uma coisa curiosa que costuma acontecer na praia! Não sei se sabem mas os Holandeses são muito amigos dos animais, tanto domésticos como selvagens. Esta sua natureza "amigável" faz com que, entre outras coisas, dêem comida às aves selvagens que andam por todo o lado, incluindo as gaivotas na praia. Isto já deve ser prática ancestral porque nos dias que correm o à-vontade das aves é tão grande que já não esperam que a comida lhes seja dada; vão lá (não uma gaivota mas um bando delas) e tiram-na (sim, "roubam" a comida das mãos das pessoas)! Aqueles que ousam levantar-se e fugir são perseguidos pelas aves em voo cerrado até largarem a comidinha. É um espectáculo digno de se ver!!!!
No idioma inglês existe a palavra "ominous" que significa qualquer coisa como pressagioso (de presságio). No outro dia, a propósito desta palavra, alguém (holandês) aventava que em português devia existir a palavra ominoso com o mesmo significado. Ominoso???Quais ominoso quais quê - dizia eu - alguma vez o meu lindo idioma tem um palavrão desses!!! E não é que tem mesmo!!! Imaginam a vergonha, a humilhação...?!?!?!?
Uma das edições do programa da Oprah apresentou recentemete casos de negligência infantil que me deixaram perplexo, não só pelas situações em si mas também pelas consequências dessa negligência. Um dos casos era sobre uma menina que os pais expulsaram de casa quando ela tinha por volta de três anos de idade (como é que é possível!!!!). A menina refugiou-se numa casota de cão e até ser resgatada pelas autoridades (o que só aconteceu alguns anos depois) viveu e cresceu com cães. Quando foi encontrada, comia a sua comida, ladrava, rosnava e deslocava-se como os animais, usando os quatro membros. Absolutamente chocante e desprezível! O outro caso era também de uma menina (de 6 anos, acho eu) mas esta vivia com a mãe e dois irmãos. Após ter sido avistada à janela por uma vizinha, que ficou preocupada com o aspecto que a menina apresentava e telefonou à polícia, foi salva dos "cuidados" da mãe. Embora neste último caso a negligência pareça ter sido maioritariamente de natureza emocional, os resultados foram igualmente chocantes. A menina não falava, não andava, não sabia usar a casa-de-banho, não sabia quando devia parar de comer ou beber (e comia e bebia até vomitar) e sentia-se intimidada na presença de estranhos. A um nível mais elementar, o seu cérebro não se desenvolveu. Hoje, com cerca de 12 anos de idade física (se não estou em erro), apesar de muitos dos comportamentos mencionados já terem sido corrigidos, ela apresenta uma idade cerebral de entre 2 e 3 anos. O seu cérebro, embora se possa ainda vir a desenvolver ligeiramente, com grande esforço , nunca vai recuperar totalmente (nem tão pouco significativamente). Isto só prova o quão essencial o afecto é!
E com estas duas histórias macabras de desumanidade humana vos deixo.
Um grande bem-haja e até breve.
Red in Holland